quarta-feira, 1 de maio de 2013

Poema Avulso: Luzeiros do devir

Nas horas da noite
teus olhos rasgam o breu
o gesto: do incerto, do afeto, secreto.
Crescem em cor e fulgura,
quais luzeiros em par
de grosso pavio fumegante
inflamam o peito ardendo em dores.

Nos minutos da tarde
tuas mão ensaiam em meu corpo
símbolos, mudras, figuras
marcam à régua e compasso
o traço perdido no espaço
de minha pele cálida.

Nos segundos da manhã,
teus lábios sussuram os versos
Veludo ou seda
em tons de púrpura ou carmim,
tuas palavras,
fogo sobre carvão,
o instante abrasador de mim.

E descendem do mais alto céu,
teus olhos de vigílias em milésimos,
que pões desde os vales além Tejo,
onde teu hálito sopra,
em minhas narinas
o doce odor de brisa do Lis.

Neste devir que se renova
no constante mover
de tuas mãos, teus olhos e lábios,
passa-se toda a minha vida:
manhãs, tarde e noites,
que embora sejam minhas,
são só, e apenas só, tuas.

Comte A. Machado

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