quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Poema avulso: Papeis do (m)ar.

Na beira da praia sentei
e na areia, branco-papel pronto para caneta e tinta
Debulhei cada grão de mim.
Letra por letra te escrevi como quem pinta
te compus como quem descansa.

Cabelos de vento
Corpo de sol.
Mas o coração,
Nem de pedra, nem de sal.
Água e maré.

Aos poucos o vento desperta do sono de brisa.
Suas asas tremulam papeis e sonhos:
aqueles que a proprio punho  imaginei,
estes que de noite a noite escrevi.

As cartas que na areia rabisco
como gaivotas alcançam o céu.
Enquanto a espuma apaga palavras
Deixo-te ali no canto da onda em forte vaga.

O ar, meu destino e porto, reclama o leme, o timão
Parti, meu amor, naquele tempo
para, outra vez,  voar
de  verso e prosa nas mãos.

(Comte. A. Machado)