terça-feira, 30 de abril de 2013

Poema Avulso: Águas e Areia


Veja, a noite corre nos trilhos
e vagões correm pelos céus.
Nas asas do vento nada difícil:
Trens no ares, estrelas no peito.

O amor enovelou-se em teus braços,
caiu feito torrentes no Arizona,
derramou todo um oceano
no ser tão vazio em meu coração.

Inundou meu peito,
minha alma,
encharcou teu leito.
Me tomou inteiro,
pedra e areia,
Brotou em fontes
em meio ao abismo,
nos arbustos da seca mata branca,
rolando nos veios da terra, no árido.

Desfeito,
me pus nas praças,
becos e ruas.
Semeador de trovas,
nos barrancos dos rios
nos espinhos da caatinga.
Trovoei, chovi, derramei.
Eis, pois, aqui aquele
que  entrelaçado em mim o amor fez:
Teu aguadeiro em terras sedentas.

Comandante Arthur Machado









Poema Avulso: Lúgrubre

Caia
no beco
escuro
o medo
a dor
o jeito.

ofegante
cruzava
calçadas
carros
sinais
indolentes
motoristas

freio
freio
freio
estremeceu
ruiu
bateu
estrondo

Silêncio
...
...
...

Aqui jaz, Odete,
a vida que não viveu.
A moça que não foi,
tudo aquilo que nunca seria.