segunda-feira, 9 de julho de 2012

Poema avulso: Prosa Poética.

Roubaram o tempo.
Nas cidades os ponteiros diziam sempre a mesma hora, a Terra interrompeu seu giro. Tudo os que vive parou. Apenas as máquinas não sentiram aquele breque: as rodas das biciletas seguiram seu eixo, os aviões continuaram sua rota, o pão assava, os rádios tocavam a canção do dia. Mas meu coração continuou a bater, cruzava ruas, descia ladeiras, escalou os altos morros de teu afeto. Lá naquele lugar, onde as núvens tocam o chão, ele te viu passar pela primeira vez. Agora, silêncio. Apenas seu som ecoava como bateria em desfile de carnaval, cada pulso um tambor, e cada tambor todo um universo, infinito, mas que não se expandia, não crescia porque não há tempo. 
Em tuas mão estava o tempo. Como gatuno que se esguira no breu da noite, tu o tomastes. Sem mais, o coração sentiu teu toque e, de repente, cada batida é um segundo, uma hora, um dia, a eternidade. Tudo retomou seu compasso. As garças abriam suas longas asas, o casal no pedalinho, o jornal a ser escrito. Você dobrou a esquina, entrou pelos becos e vielas e eu, eu continuei meu caminho como um barco só que vai no rio pelas corredeiras de pensamentos.

Um comentário: